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Beethovenfest 2011 homenageia Liszt sob o slogan "Música do Futuro"


Em 1845 o compositor Ludwig van Beethoven completaria 75 anos de idade. Para celebrar a ocasião, seu colega mais jovem Franz Liszt organizou um festival musical de três dias em Bonn, cidade natal de Beethoven. Ao mesmo tempo, foi inaugurado, na praça da catedral, um monumento ao grande músico.
Liszt, cujo bicentenário é comemorado em 2011, não era apenas compositor e pianista virtuose, mas também um empresário cultural de visão. A sua original ideia de 1845, de homenagear Beethoven com uma série de concertos, é até hoje uma grande inspiração para a diretora do atual Beethovenfest, Ilona Schmiel.
Em entrevista à Deutsche Welle, ela declarou: "É naturalmente um presente ter praticamente como predecessor alguém como Liszt. Como compositor, ele era umsuperstar e admirava muito Beethoven. Como virtuose do piano, ganhou muito dinheiro, mas sempre se viu com alguém que queria retribuir algo à sociedade".
"Música do Futuro"
Zukunftsmusik – "Música do Futuro", o slogan do Beethovenfest 2011 – é uma alusão a Franz Liszt, o qual, juntamente com Richard Wagner, fundou a "Nova Escola Alemã", um grande movimento cultural que gerou novos gêneros de música, como o poema sinfônico. Durante a Noite Liszt, no dia 24 de setembro próximo, o Beethovenfest apresentará todas as facetas do compositor, num total de dez concertos em cinco locações diferentes.
Liszt ocupou-se com carinho especial da música folclórica de seu país natal, a Hungria. Seguindo essa tendência, foram convidados artistas que se dedicam às tradições musicais dos Bálcãs, entre estes a orquestra cigana Roma und Sinti-Philharmoniker, e os Gypsy Devils, com Paul Gulda e Goran Bregović.
Além disso, conta-se ainda com astros da música clássica, como a violinista Anne-Sophie Mutter e os pianistas Hélène Grimaud, Murray Perahia e Arcadi Volodos. A London Symphony Orchestra marcará presença sob a regência de Colin Davis e John Eliot Gardiner, assim como a Pittsburgh Symphony Orchestra com Manfred Honeck, e a Budapest Festival Orchester, sob a batuta de Iván Fischer.
Estreando no festival de Bonn, estarão jovens e já aclamados músicos, destacando-se o violinista Julian Rachlin, natural da Lituânia, e a organista Iveta Apkalna, da Letônia, detentora do prêmio ECHO Klassik de 2005, como Instrumentista do Ano.
Apesar do aperto de cintos
Um total de 62 concertos estão programados para 24 salas em Bonn e cercanias. Entretanto, o tão sonhado Teatro do Festival Beethoven deverá permanecer mesmo "música do futuro", até segunda ordem. Há consenso de que, com o decorrer dos anos, a Beethovenhalle esgotou suas capacidades, não mais fazendo jus ao gabarito internacional do evento. Entretanto o financiamento da construção de uma nova sala de concertos ainda não está assegurado.
Por outro lado  o Beethovenfest, em si, ostenta uma base financeira sólida. Elevado em 400 mil euros, o patrocínio municipal de Bonn passou a perfazer agora 1,6 milhão de euros, cerca de um terço do orçamento total do evento. Um terço provém de outros patrocinadores e os organizadores contam assegurar o financiamento restante através da venda dos 45 mil ingressos.
Um dos principais patrocinadores é a Deutsche Welle. Juntamente com o Beethovenfest, a emissora promove pela 11ª vez o Orchestercampus. A cada ano, a iniciativa traz um conjunto sinfônico jovem de um país diferente. Em 2010, a convidada foi a Orquestra Heliópolis, de São Paulo, com enorme sucesso, e este ano será a vez da National Youth Orchestra of Iraq, fundada em 2008 por músicos curdos e árabes daquele país asiático.
Música e entendimento
Bonn: monumento em homenagem a BeethovenBonn: monumento em homenagem a BeethovenIlona Schmiel aponta o caráter extraordinário do evento: "O fato de uma orquestra clássica se formar com músicos de todas as regiões do Iraque é espantoso, já que lá não existe uma tradição longa de música clássica [ocidental]".
"Tenho a impressão de que os jovens, que lá vivem, têm o desejo não apenas de construir juntos seu país, como também de encontrar uma linguagem musical através da qual todos possam se comunicar. Uma linguagem que possa superar todas as barreiras existentes", afirma a diretora do festival.
Ela está convencida de que esta mensagem é particularmente importante no momento atual. "Se o Orchestercampus puder contribuir para que a imagem de um país mude assim, então terá acontecido muito, muito mais do que música".
A apresentação da National Youth Orchestra, em 1º de outubro, será transmitida ao vivo na praça Marktplatz de Bonn.
Autoria: Rick Fulker / Augusto Valente
Revisão: Soraia Vilela

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