Exposição em São Paulo mostra processo de criação de Portinari
São Paulo – O pintor modernista Candido Portinari não costumava ouvir rádio, mas gostava de escutar música clássica, especialmente Bach e Beethoven, em sua vitrola. Essa mesma trilha sonora acompanha os visitantes da exposição No Ateliê de Portinari, que reúne obras do artista feitas de 1920 a 1945. A mostra pode ser vista no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), no Parque Ibirapuera, até o próximo dia 18.
O ambiente de criação da oficina do artista é revivido com a apresentação de estudos e esboços ao lado de trabalhos terminados. “Você tem a oportunidade de ver esse caminho de construção da obra. Isso é muito especial porque algumas obras são de colecionadores particulares e outras são de vários museus”, ressalta o educador do MAM, Leonardo Polo.
Exposição mostra processo de criação de Portinari
“Mas não dá para negar que esse estudo também vira uma obra”, completa Polo, explicando que o trabalho do pintor, nascido em Brodowski (SP) em 1903, é genial mesmo nas fases inicias de concepção. Pode ser visto, por exemplo, o estudo em crayon feito antes do famoso óleo sobre tela O Mulato. O trabalho combina a retratação de um modelo real com a criação de uma paisagem rural ao fundo.
Uma técnica um pouco mais ousada do que os retratos que podem ser vistos na primeira parte da exposição, quando o então jovem Portinari pintava quadros tendo principalmente amigos e parentes como modelo. São obras datadas da década de 1920, época em que o artista estudava na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e quando viajou para a Europa com o objetivo de aprimorar sua técnica.
Os retratos também dominam o segundo bloco da mostra, com a apresentação de pinturas que têm como tema a mulher do artista, Maria Portinari. Ela foi retratada por Portinari ao longo de toda a vida e com as diferentes técnicas usadas pelo pintor.
Em seguida, no terceiro bloco da exposição, vêm as obras com a temática do cotidiano brasileiro, mostrando cenas bucólicas de sua cidade natal, até quadros com temas mais fortes, como Criança Morta. A obra, que retrata a morte de um jovem retirante nordestino, teve inspiração na Guernica, painel pintado pelo espanhol Pablo Picasso.
A influência do estilo de Picasso pode ser notada nos estudos para os murais de azulejos, como os que decoram a Capela da Pampulha, em Belo Horizonte. O esboço para a pintura de São Francisco, que decora parte do templo, está entre os trabalhos de grandes dimensões do artista. Essa parte da exposição traz os desenhos que se tornaram painéis em edifícios públicos, sob encomenda do então presidente Getúlio Vargas. Uma série que remete aos ciclos econômicos brasileiros, com trabalhadores de lavouras de cacau e garimpeiros.
Por fim, o visitante pode conhecer uma faceta pouco difundida de Portinari: a abstração. Segundo Leonardo Polo, o pintor se aventurou nessa forma estética influenciado pela conjuntura artística do início da década de 1940. “Como muita gente no Brasil estava fazendo trabalhos abstratos, Portinari foi experimentar."
Pedro Américo se ofereceu para fazer a obra, 66 anos após o grito, e ganhou uma boa quantia pela encomenda: 30 contos de réis - como comparação, em 1888, o governo de São Paulo aplicou 22 contos de réis na área da saúde. Na época, muitos políticos achavam que não seria preciso pedir a alguém de fora para fazer o quadro (Américo já vivia na Itália), mas, como tinha amigos influentes, ele conseguiu a indicação. Assim que soube que faria a tela, ele veio ao Brasil e fez uma pesquisa histórica intensa. "Ele recolheu todas as informações posssíveis e, com base no que descobriu, nos retratos, nas roupas, objetos de época, ele fez um arranjo da imaginação dele. Sob esse aspecto, a tela é muito criativa, e talvez esteja aí a grande razão pelo qual ela seja tão impactante ainda hoje. A imagem não tem um centro, o centro é um vazio, mas toda a composição está voltada para mostrar um episódio que ninguém viu." Foto disponibilizada no blog "Aleks Palitot Trilhando ...
O projeto Consiste na instalação de doze Esculturas, em concreto e fibra de vidro com tamanho natural, representando personalidades conhecidas ambientadas em lugares estratégicos do centro da cidade formando um circuito, um percurso de visitação. Essas esculturas foram criadas pelo artista plástico Demétrio Albuquerque da Silva Filho. São elas: 01 - Manuel Bandeira - Rua da Aurora Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no Recife e estreou na literatura em 1917 com a publicação do livro A Cinza das Horas. A escultura apresenta Manuel Bandeira sentado, ao lado de uma janela colonial, onde contempla toda a paisagem do Capibaribe, na rua da Aurora. Lendo trecho de seu poema Evocação, o poeta convida o visitante a fazer o mesmo. O portal simboliza a passagem que a poesia de Bandeira representa para a literatura brasileira. 02 - João Cabral de Melo Neto - Rua da Aurora João Cabral de Melo Neto nasceu no Recife e faleceu no Rio de Janeiro. Membro da Academia Brasi...