Aos 104 anos, Oscar Niemeyer é cada vez mais celebrado internacionalmente por ter sido um dos principais arquitetos do século 20. Sua postura utópica e problemas de funcionalidade arquitetônica em seus projetos o tornaram um artista polêmico. Porém, é indiscutível a beleza plástica de sua obra, que se confunde com a arte da escultura, estruturada por desenhos de tracejado livre. Além disso, não há como ignorar suas posturas políticas, pois ele sempre se declarou como um comunista convicto e se tornou um ícone do humanismo, preocupação manifestada em alguns de seus monumentos mais famosos, como a mão erguida no Memorial da América Latina. São justamente esses dois aspectos - o social e o poético - que conduzem a exposição que começa hoje na Galeria Janete Costa, do Parque Dona Lindu.
A exposição será inaugurada às 19h e ficará aberta ao público amanhã e na sexta, das 14h às 20h. Em seguida, passará dez dias fechada (por causa do recesso de fim de ano dos museus da Prefeitura do Recife). Só reabre no dia 3. A retrospectiva apresenta miniaturas de seis dos prédios mais famosos projetados por Niemeyer. Não são maquetes, mas verdadeiras esculturas de médio porte, construídas a partir dos esboços desenhados pelo arquiteto antes da construção dos prédios.
Apenas o volume dos edifícios é valorizado, em uma representação verdadeiramente escultórica, sem detalhes técnicos como portas, janelas e estacionamentos. Afinal, esse sentimento mais arquitetônico deve ser sentido pelos visitantes simplesmente por estarem dentro de um lugar projetado por ele: as dependências do Parque Dona Lindu.
Além das seis “esculturas”, o público encontrará fotos (feitas por seu neto Kadu), projetos não construídos, desenhos, palavras do arquiteto (espalhadas nas paredes e no piso da galeria) e a projeção do filme A vida é um sopro, documentário de Fabiano Maciel.
“A exposição busca o poeta, o escultor e, principalmente, o guerreiro político, com suas mensagens e seu pensamento. No traço dele, encontramos a busca pela eterna liberdade”, identifica o escultor Jobson Figueiredo, curador da exposição junto com o crítico de arte Marcus Lontra. O design de montagem é assinado por Eduardo Werneck.
“Niemeyer povoa o universo icônico brasileiro com sua arquitetura espetacular, repleta de curvas e sensualidade, interpretando o modernismo através da ótica, da sensibilidade e da inteligência brasileira”, define Marcus Lontra. A mostra tem um recorte inédito, mas suas peças (sobretudo esculturas e fotos) já participaram de outras retrospectivas no Brasil e em outros países, realizadas principalmente no ano do centenário do arquiteto, que fez aniversário na última quinta-feira.
Serviço
Exposição Niemeyer: Arquiteto, brasileiro, cidadão
Onde: Galeria Janete Costa (Parque Dona Lindu, Boa Viagem)
Quando: Inauguração nesta quarta, às 19h. Em cartaz até 18 de março. De terça a sexta, das 14h às 20h. Sábados e domingos, das 10h às 20h. A exposição estará fechada de 24 de dezembro a 2 de janeiro devido ao recesso da galeria
Quanto: R$ 2 e R$ 1 (meia).
Informações: 3355-9831
Do Diario de Pernambuco