Pular para o conteúdo principal

André Rieu chega para 20 apresentações em SP

Ele mora em um castelo medieval em Maastricht, Holanda. Age como uma espécie de reencarnação de Johann Strauss, o rei das valsas no século 19. Mas os números fazem dele um dos principais fenômenos de vendas do século 21: 40 gravações, 30 milhões de CDs e DVDs vendidos e turnês que já o levaram, com sua orquestra, a cerca de 30 países.
 Nesta terça-feira, faz o primeiro dos 20 shows programados para o Ginásio do Ibirapuera - a princípio, seriam três, para os quais os ingressos se esgotaram em poucos dias, levando a produção a abrir novas datas. Chega ao País vendido como o "pop star da música clássica" e traz no repertório sua mistura de sucesso: valsas vienenses, trilhas de filmes e trechos de obras famosas, entoadas por sua orquestra e por um time de cantores que inclui uma brasileira, a soprano paraense Carmen Monarcha - todos comandados por Rieu e seu Stradivarius de 1764.
 O valor do ingresso pode chegar a R$ 600, mas o preço salgado não parece ter afastado o público - segundo o produtor Manoel Poladian, responsável pela turnê, quase 70% dos lugares já foram vendidos. Apesar do valor alto dos ingressos, Poladian fala em popularização e acredita que as apresentações de Rieu "podem e devem fazer aumentar o interesse pela música clássica". Mundo afora, no entanto, o violinista é alvo de críticas. Na Inglaterra, o crítico Norman Lebrecht chegou a sugerir que ele, assim como artistas como o tenor Andrea Bocelli, também conhecido pela mistura de erudito e popular em seus shows, fossem retirados dos rankings de mais vendidos entre os artistas do mundo clássico. O raciocínio é de que Rieu e companhia não criariam um novo público para a música clássica mas, sim, para um novo gênero.
 "Rieu é apenas mais uma das crias da industria cultural. Pensado como um grande negócio, seus espetáculos não apenas usurpam o patrimônio musical da  humanidade. Pior, eles são artisticamente violentados com o propósito de ser mais 'palatáveis'. E, pior ainda, dessa forma difunde-se uma ideia falsificada do que são a ópera e a música de concerto', escreveu Leonardo Martinelli, um dos principais nomes da nova geração de compositores brasileiros, em um artigo publicado recentemente na revista "Concerto", intitulado "O Falsificador", que gerou intenso debate nas redes sociais entre fãs e detratores de André Rieu.
 Em resposta, o maestro Leandro Oliveira, que trabalhou com John Neschling durante sua gestão à frente da Osesp e identifica um tom academicista nas críticas ao violinista, afirma que se solidariza com os fãs de Rieu, "não por gostar dele e sua música, mas por percebê-lo como um empreendedor que quer divertir e se divertir com o que faz - e não há mal nenhum nisso, se o que faz é música!". Para Oliveira, é cabível uma comparação entre Rieu e o pianista Lang Lang, que esteve em São Paulo na semana passada. "Lang Lang conseguiu a credibilidade que Rieu sequer pretendeu - e onde este último é mero entretenimento, o outro é vendido como um artista sério ou, mais do que isso, a salvação de toda a tradição clássica."
 Um dos mais importantes regentes brasileiros da atualidade, o maestro Roberto Tibiriçá relativiza a polêmica. "Não sou fã do Rieu, mas acho válido esse tipo de espetáculo. Se é popularização ou não, não importa. O que importa é que as pessoas se sentem felizes e curtem ouvi-lo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Postagens mais visitadas deste blog

Conheça obras do artista espanhol Pablo Picasso

Picasso - Retrato de marie-thérèse walter 1937 (Foto: © Succession Pablo Picasso / Licenciado por AUTVIS, Brasil, 2013) Pablo Picasso nasceu em Málaga, na Espanha, em 25 de outubro de 1981. Reconhecido como um dos mestres da arte do século XX, ele foi pintor, escultor e desenhista, além de também ter se desenvolvido na poesia. Considerado um dos artistas mais famosos e versáteis do mundo, tendo criado milhares de trabalhos com todos os tipos de materiais, Picasso também é conhecido como o co-fundador do Cubismo. A primeira obra de Picasso foi pintada aos oito anos de idade e era um óleo sobre madeira, chamada de O Toureiro. O trabalho foi conservado por toda a sua vida e sempre que se mudava, a obra ia com o artista. Picasso - Mujer con boina y vestido de cuadros 1937 Aos 16 anos ele se mudou para Madrid, onde se inscreveu na Real Academia de Belas-Artes de São Fernando. Em Barcelona conheceu os modernistas e, anos depois, abriu a sua primeira exposição. No mesmo ano ...

O famoso quadro da Independência do Brasil

Pedro Américo se ofereceu para fazer a obra, 66 anos após o grito, e ganhou uma boa quantia pela encomenda: 30 contos de réis - como comparação, em 1888, o governo de São Paulo aplicou 22 contos de réis na área da saúde. Na época, muitos políticos achavam que não seria preciso pedir a alguém de fora para fazer o quadro (Américo já vivia na Itália), mas, como tinha amigos influentes, ele conseguiu a indicação. Assim que soube que faria a tela, ele veio ao Brasil e fez uma pesquisa histórica intensa. "Ele recolheu todas as informações posssíveis e, com base no que descobriu, nos retratos, nas roupas, objetos de época, ele fez um arranjo da imaginação dele. Sob esse aspecto, a tela é muito criativa, e talvez esteja aí a grande razão pelo qual ela seja tão impactante ainda hoje. A imagem não tem um centro, o centro é um vazio, mas toda a composição está voltada para mostrar um episódio que ninguém viu." Foto disponibilizada no blog "Aleks Palitot Trilhando ...

Conheça o Circuito da Poesia no Recife

O projeto Consiste na instalação de doze Esculturas, em concreto e fibra de vidro com tamanho natural, representando personalidades conhecidas ambientadas em lugares estratégicos do centro da cidade formando um circuito, um percurso de visitação. Essas esculturas foram criadas pelo artista plástico Demétrio Albuquerque da Silva Filho. São elas: 01 - Manuel Bandeira - Rua da Aurora Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho  nasceu no Recife e estreou na literatura em 1917 com a publicação do livro A Cinza das Horas. A escultura apresenta Manuel Bandeira sentado, ao lado de uma janela colonial, onde contempla toda a paisagem do Capibaribe, na rua da Aurora. Lendo trecho de seu poema Evocação, o poeta convida o visitante a fazer o mesmo. O portal simboliza a passagem que a poesia de Bandeira representa para a literatura brasileira. 02 - João Cabral de Melo Neto - Rua da Aurora João Cabral de Melo  Neto nasceu no Recife e faleceu no Rio de Janeiro. Membro da Academia Brasi...