A chegada ao Brasil nesta semana de seis óleos do pintor lombardo Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610) é um acontecimento, mesmo que dois dos quadros sejam de autoria duvidosa e que o sétimo não tenha vindo na última hora por veto do patrimônio histórico italiano. As obras integram a exposição Caravaggio e seus seguidores, que abre nesta semana na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte. Elas são dispostas em dois salões, um com as pinturas de Caravaggio pertencentes a museus públicos e coleções privadas que nunca saíram da Itália e o outro com 14 telas de seguidores da escola “caravaggesca”, em moda na Europa entre as décadas de 1600 e 1650. A mostra fica dois meses em Belo Horizonte. Em 15 de julho, será aberta no Museu de Arte de São Paulo (Masp). Em setembro, segue para Buenos Aires. É a perfeita ocasião para ver de perto a obra de um homem que alterou a arte de seu tempo por um método simples: representar na tela o que enxergava.
Suas obras causaram admiração e escândalo por duas razões. Primeiro, por reproduzir a beleza e as imperfeições da realidade. Segundo, pelos temas macabros, eróticos e heréticos, representados a partir de modelos e objetos reais. Caravaggio formulou uma técnica diferente da renascentista, fundada na perspectiva, no desenho em chiaroscuro (que cria a sensação de volume pelo traço) e na perspectiva. Desafiando os cânones de seu tempo, Caravaggio ensinou que, para captar o real, era mais eficaz aplicar as pinceladas na tela, sem uso de um esboço. Usava espelhos e iluminação indireta para dar fidelidade à experiência. O historiador Roberto Longhi (1890-1970), responsável pela redescoberta de Caravaggio – com a primeira grande exposição do pintor em Milão, em 1951 –, definia sua arte como precursora da fotografia.
Há seis décadas Caravaggio tem inflamado discussões. Elas vão do debate sobre autoria de obras a detalhes escabrosos da vida turbulenta do artista e passam por questões de posse e valor de cada item. Quadros duplos, duvidosos ou perdidos agitam a controvérsia. O número reduzido de peças do artista – segundo o Ministério da Cultura da Itália, restam dele 62 pinturas – exacerba os ânimos dos colecionadores italianos, mais ciumentos de Caravaggio do que nunca.
Pela terceira vez na história, óleos do pintor desembarcam no Brasil. O público brasileiro viu Caravaggio pela primeira vez em 1954, quando as telas A ceia de Emaús e Davi com a cabeça de Golias foram expostas na inauguração do prédio da Bienal de São Paulo. A segunda foi em 1998, no Masp, com as telas Narciso e São João Batista. “Seis obras de uma vez é um fato único”, diz o curador Fabio Magalhães. “É o resultado de três anos de esforço. Muitas telas que queríamos foram proibidas, e adaptamos a mostra às que trouxemos.” Na última hora, a famosa tela São João Batista que alimenta o cordeiro (c. 1600) foi vetada sem explicações. A exposição traz inovações expostas por sua idealizadora, a crítica italiana Rosella Vodret: “Além de quadros consagrados de Caravaggio, mostramos novas descobertas, quadros problemas que são confrontados com outros trabalhos dele.”
Pela terceira vez na história, óleos do pintor desembarcam no Brasil. O público brasileiro viu Caravaggio pela primeira vez em 1954, quando as telas A ceia de Emaús e Davi com a cabeça de Golias foram expostas na inauguração do prédio da Bienal de São Paulo. A segunda foi em 1998, no Masp, com as telas Narciso e São João Batista. “Seis obras de uma vez é um fato único”, diz o curador Fabio Magalhães. “É o resultado de três anos de esforço. Muitas telas que queríamos foram proibidas, e adaptamos a mostra às que trouxemos.” Na última hora, a famosa tela São João Batista que alimenta o cordeiro (c. 1600) foi vetada sem explicações. A exposição traz inovações expostas por sua idealizadora, a crítica italiana Rosella Vodret: “Além de quadros consagrados de Caravaggio, mostramos novas descobertas, quadros problemas que são confrontados com outros trabalhos dele.”