Conheça Shirley Temple, de Salvador Dalí


O título completo da obra é Shirley Temple, o mais jovem monstro sagrado do cinema de seu tempo e na colagem, Dalí superpõe uma foto de jornal da menina no corpo de uma esfinge estilizada e sexualizada. Como ao longo dos séculos XIX e XX a esfinge foi associada ao perigo da femme fatale, a combinação holltwoodiana da infância com o motivo sexual é considerada uma crítica de Dalí à sexualização de atores e atrizes mirins pelos estúdios.

Os ossos humanos em primeiro plano, claramente a última refeição da criatura, assumem formas fálicas, sugerindo que Shirley era uma "devoradora de homens". O fundo é composto por diversas figuras, das quais a mais notável é uma menina solitária pulando corda. Essa figura era frequentemente usada por Dalí para representar a liberdade da infância.

Um grande morcego empoleirado na cabeça da atriz faz parte do folclore: quando criança, Dalí encontrou um morcego ferido, mas ao voltar para alimentá-lo, descobriu que o animal havia sido devorado por formigas. Consumido pelo sentimento de piedade, a lenda afirma que o pintor comeu os restos da cabeça do morcego.

3 detalhes de Shirley Temple se destacam:

1. Garota pulando corda:

Ao fundo da obra uma menina solitária salta em meio a um halo amarelo, que sugere uma criança inocente. A representação constrasta com o erotismo de Shirley Temple.


2. Linha do horizonte:

Dalí esfumou suavemente as cores pastel, produzindo assim uma linha do horizonte indefinida. É impossível distinguir mar e areia na composição.


3. Shirley Temple:

A cabeça de Shirley Temple foi fixada com cola comum de papel. Como era recortada de papel jornal, o material tornou-se amarronzado com o passar do tempo.

Ficha Técnica - Shirley Temple:


Autor: Salvador Dalí 
Onde ver: Museum Boijmans van Beuningen, Roterdã 
Ano: 1939 
Técnica: Guache, pastel e colagem sobre papel 
Tamanho: 75cm x 100cm 
Movimento: Surrealism


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