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Opera Leonor no Recife


Pernambuco compõe ópera? Sim! Ao menos desde o Sec. XIX. Leonor é a primeira ópera composta por um pernambucano, Euclides Fonseca, cujo material permanece disponível. Ela só foi exibida uma vez, no dia 07 de Setembro de 1883. Tal exibição, realizada no Teatro de Santa Isabel, ainda assim foi incompleta, pois não houve recursos para figurino nem cenário. Tanto tempo passado e não há justificativas para tamanha lacuna na rica história cultural do estado.
O presente Projeto vem sanar esse histórico descaso quanto à obra e o autor, resgatando uma ópera de cunho nacionalista e ambientada na Ilha de Itamaracá, à época da ocupação holandesa em Pernambuco. Leonor, com vibrante tom nacionalista, foi composta na segunda metade do século XIX pelo insigne pernambucano Euclides de Aquino Fonseca (1853-1929): destacado defensor da memória e valores de sua terra natal; pianista; compositor; crítico e educador, atuou como cronista nos jornais Comercio de Pernambuco, Diário de Pernambuco e Jornal do Recife, além de ter sido correspondente de importantes revistas europeias, onde escrevia críticas sobre música contemporânea.
Apesar disso, ainda relegado ao esquecimento, pois o autor jaz como um ilustre desconhecido, até mesmo para pernambucanos afortunados culturalmente acima da média. Tamanho descaso histórico quanto a esta lacuna na memória artístico-cultural pernambucana poderia sugerir, eventualmente, dúvidas sobre a qualidade da obra. Se assim cogitasse o leitor, a injustiça se faria ainda mais inominável.
Inspirada em mais uma esquecida relíquia da cultura popular pernambucana, A Lenda das Mangas de Jasmim (sec.XVII),Leonor narra o infortúnio de uma mulher nobre e rica que, jovem, apaixona-se por um simplório, sendo correspondida. Ele pede a mão da moça em casamento, o pai dela recusa devido às modestas condições do pretendente. Desesperado, o jovem lança-se na guerra contra os holandeses em busca de riqueza e glória, almejando retornar e reclamar a mão da amada.
É insólito o destino, contudo, pois o jovem se fere gravemente em combate! Desaparece... É considerado morto! A jovem entra em depressão perene... Presa à sua dor, ela se torna uma senhora, residindo com seu irmão mais velho, Dom Nuno... Aquele jovem supostamente tombado em batalha, entretanto, sobreviveu!
É Dom Antônio que, desiludido, enfim retorna à Ilha de Itamaracá ignorando o destino de sua amada, há tempos imaginando-a casada e com família, o que então o teria levado a se tornar padre. Leonor e Antônio se encontram, contudo, num final surpreendente, dramático... A ópera possui um único ato, com duração aproximada de 1h, é composta para três cantores solistas – soprano/mezzo-soprano (Leonor), tenor (D. Antônio) e barítono (D. Nuno – irmão de Leonor), um coro de vozes mistas e uma orquestra de formação sinfônica. O coro são personagens que representam a vizinhança local, pescadores e senhoras da Ilha de Itamaracá.

Elenco: Leonor: Jéssica Soares e Natalina Chikushi Don Antônio: Diel Rodrigues e Lucas Melo Don Nuno: Anderson Rodrigues e Tiago Costa
Coro da Academia de Ópera e Repertório Sinfonieta UFPE
Regência, Direção Cênica e Musical: Wendell Kettle Figurino e Cenário: Marcondes Lima Produção Executiva: Jéssica Soares Realização: Gárgula Produções, Academia de Ópera e Repertório e Sinfonieta UFPE
Incentivo: Funcultura/FUNDARPE/Secretaria de Cultura/Governo PE

Dias: 28, 29, 30 de março às 20h e dia 31 de março as 19h.
 Ingressos: R$ 20,00 inteira e R$ 10,00 meia Sessão gratuita para escolas públicas e deficientes visuais: 28 e 29 de março as 16h. (Previamente agendada com a produção)
Classificação: Livre
Local de Venda: Teatro de Santa Isabel
 E-mail produtora: gargulaproducoes@hotmail.com

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